sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Repensando conceitos

Na adolescência acho que todo mundo quer ser diferente. Imprevisível, livre, leve e solto. Meio James Dean. Aí saímos fazendo todas aquelas bobagens clássicas além das brigas com os pais, que só mudam de endereço. A gente lê os poetas malditos e ouve músicas que nos incitam contra o sistema e a ordem das coisas.

Tá certo que na prática todo mundo mora com os pais, quando muito paga a conta de água, que é a mais barata, e no frigir dos ovos dança conforme a música. Resmungando, mas dança.

A gente cresce e fica uma saudadezinha da nossa fase rebelde (ou melhor, da fase que a gente sonhava em ser rebelde). Os livros de auto-ajuda, que substituíram Metallica e Raul, continuam falando para gente tentar ser diferente, seguir nosso caminho, testar novos formatos e pensamentos e seguir nosso coração.

Só que a gente faz isso no raso. E geralmente sobra para aqueles que nos aguentam todos os dias, nos momentos mais íntimos: companheiros, filhos, pais, irmãos, grandes amigos. Saímos fazendo coisas estranhas nos piores momentos possíveis. E, ó, quero compreensão, por favor! Porque eu estou seguindo minha alma!

E no meio de todo esse surto de autenticidade (fake), a gente recebe um puxão de orelha: e se guardássemos esse ímpeto de mudar e de fazer diferente para os inimigos?

Porque aqueles que amamos, e nos aturam, merecem que sejamos previsíveis, que seja mais fácil lidar conosco, que a relação não tenha tensão nem melindres. Livre, leve e solta. E isso é uma arte, um cuidado, um carinho com aqueles que nos cercam. Mais que tudo, respeito por aqueles que nos respeitam e acompanham.

Então vamos guardar essa imprevisibilidade, essa vontade de surpreender, de se rebelar para os nossos inimigos. Quais? A rotina, o tédio, o medo, a preguiça, os pré-conceitos, as respostas prontas, a ansiedade. Surpreender-nos com um novo olhar, topando algo que seria inaceitável (para o bem, né, gente!), fazendo algo fora dos nossos padrões. Não fazendo aquilo que vem primeiro na cabeça, aquilo que estamos condicionados, mas tentando dar uma resposta diferente, tomando uma atitude inovadora. Investindo toda nossa imprevisibilidade nos nossos inimigos internos, derrubando-os e superando-nos. Já que, como diz o ditado, não dá para ter um resultado diferente fazendo a mesma coisa.

Quem sabe assim a gente não sai do raso?




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“Usa el arte de ser imprevisible para los enemigos y el arte de ser previsible para los amigos”
Texto inspirado no post "El arte de ser previsible" do blog Entusiasmado.com, MARAVILHOSO!


E onde tá escrito no plural, pode pôr em primeira pessoa. Do singular. Totalmente autobiográfico. ;) 


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Textos que merecem ser lidos



“As pessoas admiram suas qualidades em silêncio, e julgam seus defeitos em voz alta.” Assim começa o texto de Nathali Macedo onde ela analisa as pessoas, suas reações, a forma como interagem e como devemos reagir àqueles que, no mínimo, não querem que cresçamos.

"A nossa felicidade depende, em grande parte, das relações que construímos ao longo da vida. Escolha as pessoas que te abraçam e deixam aquela sensação de banho tomado, de alma lavada, de carinho no coração. O mal passará por você o tempo todo, mas sempre dá pra desviar."


Um texto para ler e refletir, que na sua clareza não precisa de nenhum comentário complementar: "Mais um motivo pra não se importar com o que as pessoas dizem".


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A ideia desta coluna é indicar textos legais vistos pelo caminho.

sábado, 23 de novembro de 2013

As pessoas são boas


"As pessoas são boas. Confie mais no mundo e menos na mídia."


Aline Campbell é uma artista plástica carioca que resolveu viajar pela Europa sem dinheiro. Este seria o resumo simplista e midiático do seu projeto. Seria o que chamaria a atenção de todos. Mas ao assistir o vídeo do projeto vemos muito mais. Aline questiona nossas relações e interações, nossos conceitos e preconceitos, nossos valores (que nem sempre são nossos).



De tanta coisa que ela diz no vídeo e que daria material para vários posts, hoje quero refletir sobre uma que sempre me incomodou: por que a mídia só mostra os acontecimentos e pessoas ruins?

O Natal está chegando e acontece um fenômeno interessante. Surgem nos noticiários várias matérias sobre pessoas fazendo caridade, funcionários que se juntam para dar uma festa de Natal, voluntários solitários que angariam presentes para distribuir na favela, centenas de papais noéis brotando da boa vontade de um indivíduo ou grupo. Lindo, inspirador, demais!

Mas passa o Natal, o Ano Novo e chega janeiro. E a mídia volta para o "padrão mundo negro". As mortes nas estradas, as chacinas, os índices governamentais, os assassinos cruéis.

As pessoas só tem boa vontade no Natal? Coisas boas só acontecem nessa época? O espírito natalino dá um revertério mental de curto prazo na sociedade?

Não né! ONGs trabalham o ano todo, pessoas têm grandes gestos em todas as estações, o ser humano sempre surpreende positivamente. E eu fico chateada de não encontrar boas notícias em grande quantidade no noticiário. (Porque eles dão uma ou outra de vez em quando para mostrar sua "imparcialidade", mas é bem pouquinho, vai que o povo resolve ser bonzinho e eles ficam sem material escandaloso para viver.)

Fica o questionamento que pode mexer com a forma de extrair opiniões sobre o nosso redor:

Será que o que a mídia apresenta é tudo o que realmente está acontecendo no mundo, em toda sua extensão?

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A entrevista completa da Aline Campbell no ótimo site "Jardim do Mundo" pode ser lida aqui.


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Sobre as pequenas grandes mudanças

O estalo veio com o vídeo abaixo, mas desse estalo questões e ideias surgiram.



Muitas vezes me perguntei como mudei alguns conceitos, atitudes, opiniões. Como resolvi aqueles percalços que pareciam o fim da trilha. Como a pessoa que hoje aparece no espelho conseguiu superar problemas e tormentos que ainda observo naqueles que me cercam. E não acho o "ponto da virada". Não consigo exemplificar como resolvi ou porque desencanei de determinadas coisas. Não consigo lembrar do momento que eu disse um basta.

Porque esses momentos não existem na maioria das vezes. Salvo momentos cruciais da minha vida, que ainda posso discutir se houve ou não uma trombeta tocando anunciando a grande transmutação, no geral a vida é feita de pequenas mudanças. Como no vídeo.

Estas últimas semanas me demonstraram mais uma vez isso. Mudanças são pontos gregários. A cada dia acrescentamos uma pequena coisa: uma opinião, um vídeo, uma confirmação, uma conversa, um suspiro, um livro. Esse ponto de convergência um dia se torna uma grande rampa da qual atravessamos rumo a um caminho que já nos parece o único, o mais óbvio. Muitas mudanças nem são sentidas, mudamos muitas vezes sem dor, sem trauma.

Enquanto estamos pesquisando novos caminhos, sondando novos rumos, suspirando achando que não tem como mudar nada, que vai ser difícil achar alguma alternativa, colocamos uma pedrinha na rampa sem perceber. E quando nos damos conta, mudamos de caminho já.

Ai, que fácil, né Dona Elisa! Não, não disse isso. Muitas mudanças na minha vida não foram fáceis e nem suaves. Essas eu me lembro bem, ouvi "as trombetas", chorei, esmurrei e encrenquei (básico na criatura aqui). Hoje eu quis refletir sobre aquelas que eu nem percebi, que só me dei conta quando um dia resolvi sentar numa pedra do meu caminho e olhar para trás, para a paisagem, para lembrar o trajeto. E me espantei.

Porque as vezes a gente muda nos pequenos gestos, apenas colocando a cadeira sob um novo ângulo.

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Esse vídeo inspirador foi visto em um blog tão inspirador quanto, que merece muitas visitas:
Agora Sim!